ROTEIRO DE ESTUDO
“FARSA DE INÊS PEREIRA”, Gil Vicente
1. Qual era o contexto histórico de Portugal e do mundo na época em que a peça foi escrita?(1523)
2. Como era a língua falada em Portugal?
3. Das poucas informações que se tem sobre a vida de Gil Vicente, registre tudo que pode ser considerado fundamental para o entendimento de sua obra.
4. O texto em estudo pertence ao Gênero Dramático. Trata-se uma farsa. Pesquise e explique
5. Dê as características dos personagens:
FÍSICAS PSICOLÓGICAS
INÊS PEREIRA
MÃE DE INÊS
LEONOR VAZ
PERO MARQUES
(Use o espaço necessário)
6. Dê as características dos personagens:
LATÃO
VIDAL
BRÁS DA MATA (ESCUDEIRO)
FERNANDO (MOÇO)
LUZIA
ERMITÃO
(Use o espaço necessário)
7. O que pretendia Inês da vida?
8. “Esta vida he mais que morta.
Sam eu coruja ou corujo,
Ou sam algum caramujo
Que não sai senão à porta?
E quando me dão algum dia
Licença, como a bugia,
Que possa estar à janela,
É já mais que a Madanela “
Quando achou a aleluia”
Comente a estrofe e a intertextualidade nela existente
9. “MÃE Logo eu adivinhei
Lá na missa onde eu estava,
Como a minha Inês lavrava
A tarefa que lhe eu dei...
Acaba esse travesseiro!
Hui! Nasceu-te algum unheiro?
Ou cuidas que é dia santo?
INÊS Praza a Deos que algum quebranto?
Me tire do cativeiro.”
Como a Mãe caracteriza o comportamento de Inês e qual a reação da moça?
10. Quais os conselhos que a mãe lhe dava?
11. Quem era Leonor Vaz?
12. O que Leonor Vaz e a mãe de Inês têm em comum? A esse respeito, que comentário sobre os costumes da época poderiam ser feitos?
13. Qual a crítica social exposta no episódio do “clérigo”, narrado pela alcoviteira?
14. Como reagiu Leonor às investidas do “clérigo”?
15. Qual a razão da visita de Leonor Vaz?
16. Qual a reação de Inês às propostas da alcoviteira? Que tipo de marido Inês pretende?
17. Leonor Vaz traz uma carta com uma proposta de casamento. Quem é o remetente e o que se pode saber dele pela linguagem da carta?
18. O que quer a personagem dizer com “LEONOR...ou seja sapo ou sapinho,? Ou marido ou maridinho,/ pegue aquele que vier,/ este é o certo caminho” e MÃE...”? Que conselho pretende dar a Inês?
19. Quando Pero Marque se apresenta pessoalmente, que impressão passa aos leitores ( e platéia) ?
20. Como reagiu Inês?
21. Embora Leonor Vaz e os judeus ( Latão e Vidal ) exerçam a mesma função, há diferenças entre eles. Aponte-as.
22. Por que os judeus se lamentam tanto das dificuldades encontradas na procura do pretendente desejado por Inês?
23. “MOÇO Que vos praz?
ESCUDEIRO A viola.
MOÇO (Oh! como ficará tola
Se não fosse casar ante
Co mais sáfio bargante
Que coma pão e cebola!).
Ei-la aqui bem temperada,
Não tendes que temperar
ESCUDEIRO Faria bem de ta quebrar
Na cabeça bem migada!
MOÇO E se ela é emprestada,
Quem na havia de pagar?
Meu amo, eu quero m'ir.”
Sáfio. Adj. O mesmo que sáfaro. Grosseiro; rude. Ordinário; vil.
BARGANTE: Que ou quem tem maus costumes; libertino,patife,velhaco.
Por este e outros trechos, comente a situação econômica do Escudeiro.
24. Como se apresenta o Escudeiro a Inês e à mãe? Caracterize-o usando elementos da sua própria fala.
25. Inês e a mãe reagem de maneiras diferentes com relação à apresentação do Escudeiro. Comente essa diferença.
26. Poder-se-ia dizer que a canção cantada no casamento de Inês faz uma previsão de como será sua vida futura? Traduza-a e explique.
«Mal herida va la garça
Enamorada,
Sola va y gritos dava.
A las orillas de um rio
La garça tenia el nido;
Ballestero la ha herido
En el alma;
Sola va y gritos dava.»
27. Comente as proibições que o marido faz a Inês e suas esperanças frustradas
‘ESCUDEIRO Será bem que vos caleis.
E mais, sereis avisada
Que não me respondais nada,
Em que ponha fogo a tudo,
Porque o homem sesudo
Traz a mulher sopeada.
Vós não haveis de falar
Com homem nem mulher que seja;
Nem somente ir à igreja
Não vos quero eu leixar
Já vos preguei as janelas,
Por que não vos ponhais nelas.
Estareis aqui encerrada
Nesta casa, tão fechada
Como freira d'Oudivelas
28. Quando se vê trancada, Inês canta “Quem bem teme e escolhe mal/ por mal que lhe venha ,não se queixe.” . A música é apropriada à sua situação?
Explique.
29. Em sua solidão, Inês se arrepende e faz reflexões sobre comportamento do marido. Comente os pensamentos da personagem.“INÊS_...
Renego da discrição
Comendo ò demo o aviso,
Que sempre cuidei que nisso
Estava a boa condição.
Cuidei que fossem cavaleiros
Fidalgos e escudeiros,
Não cheios de desvarios,
E em suas casas macios,
E na guerra lastimeiros.
Vede que cavalarias,
Vede que já mouros mata
Quem sua mulher maltrata
Sem lhe dar de paz um dia!
Sempre eu ouvi dizer
Que o homem que isto fizer
Nunca mata drago em vale
Nem mouro que chamem Ale:”
30. Qual é o juramento de vingança que Inês f az, se voltar a ficar solteira?“
E assi deve de ser.
Juro em todo meu sentido
Que se solteira me vejo,
Assi como eu desejo,
Que eu saiba escolher marido,
À boa fé, sem mau engano,
Pacífico todo o ano,
E que ande a meu mandar
Havia m'eu de vingar
Deste mal e deste dano!”
31. Como Inês reagiu à sua viuvez ? A que conclusões chega sobre o marido morto e o que pretende para sua vida?
INÊS Mas que nova tão suave!
Desatado é o nó.
Se eu por ele ponho dó,
O Diabo me arrebente!
Pera mim era valente,
E matou-o um mouro só!
Guardar de cavaleirão,
Barbudo, repetenado,
Que em figura de avisado
É malino e sotrancão.
Agora quero tomar
Pera boa vida gozar,
Um muito manso marido.
Não no quero já sabido,
Pois tão caro há de custar.”
32. A protagonista recebe uma nova visita de Leonor Vaz que torna a falar de Pero Marques e percebe que Inês mudou de opinião. Demonstre isso, utilizando-se do trecho abaixo
“LIANOR Dai isso por esquecido,
E buscai outra guarida.
Pêro Marques tem, que herdou,
Fazenda de mil cruzados.
Mas vós quereis avisados...
INÊS Não! já esse tempo passou.
Sobre quantos mestres são
Experiência dá lição.
LIANOR Pois tendes esse saber
Querei ora a quem vos quer
Dai ò demo a opinião.”
33. “Inês -Andar! Pêro Marques seja.
Quero tomar por esposo
Quem se tenha por ditoso
De cada vez que me veja.
Por usar de siso mero,
Asno que me leve quero,
E não cavalo folão.
Antes lebre que leão,
Antes lavrador que Nero.”
Explique os versos, destacando o mote que deu origem à obra:
34. Comente a “cerimônia” de casamento de Inês e Pero Marques?
Vem Lionor Vaz com Pêro Marquez e diz Lianor Vaz:
“Lianor — Não mais cerimônias agora;
Abraçai Inês Pereira
Por mulher e por parceira.
Pêro Há homem empacho, má hora,
Cant'a dizer abraçar..
Depois que a eu usar
Entonces poderá ser:
Inês — (Não lhe quero mais saber
Já me quero contentar..).
Lianor — Ora dai-me essa mão cá.
Sabeis as palavras, si?
Pêro — Ensinaram-mas a mi,
Porém esquecem-me já...
Lianor — Ora dizei como digo.
Pêro — E tendes vós aqui trigo
Pera nos jeitar por riba?
Lianor — Inda é cedo... Como rima!
Pêro -Soma, vós casais comigo,
E eu com vosco, pardelhas!
Não cumpre aqui mais falar
E quando vos eu negar
Que me cortem as orelhas.
Lianor — Vou-me, ficai-vos embora.”
35. Logo após o casamento com Pero Marques, Inês informa ao marido que irá sair. Como reage ele? Compare as atitudes dos dois maridos da protagonista.
“Inês — Marido, sairei eu agora,
Que há muito que não saí?
Pêro — Si, mulher saí-vos i,
Qu'eu me irei pera fora.
Inês — Marido, não digo isso.
Pêro — Pois que dizeis vós, mulher?
Inês — Ir folgar onde eu quiser
Pêro I onde quiserdes ir,
Vinde quando quiserdes vir
Estai onde quiserdes estar.
Com que podeis vós folgar
Qu'eu não deva consentir?”
36. Quem é o Ermitão?
“Inês — Tomai a esmola, padre, lá,
Pois que Deus vos trouxe aqui.
Ermitão- Sea por amor de mi
Vuesa buena caridad.
Deo gratias, mi señora!
La limosna mata el pecado,
Pero vos teneis cuidado
De matar-me cada hora.
Deveis saber
Para merced me hacer
Que por vos soy ermitaño.
Y aun más os desengaño:
Que esperanças de os ver
Me hizieron vestir tal paño.
Inês -Jesus, Jesus! manas minhas!
Sois vós aquele que um dia
Em casa de minha tia
Me mandastes camarinhas,
E quando aprendia a lavrar
Mandáveis-me tanta cousinha?
Eu era ainda Inesinha,
Não vos queria falar.
Ermitão- Señora, tengo-os servido
Y vos a mi despreciado;
Haced que el tiempo pasado
No se cuente por perdido.
Inês- Padre, mui bem vos entendo
Ó demo vos encomendo,
Que bem sabeis vós pedir!
Eu determino lá d'ir
À ermida, Deus querendo.
Ermitão — E quando?
Inês- I-vos, meu santo,
Que eu irei um dia destes
Muito cedo, muito prestes.
Ermitão — Señora, yo me voy en tanto’”
37. Comente a situação da cena:
‘’Inês -Em tudo é boa a conclusão.
Marido, aquele ermitão
É um anjinho de Deus...
Pêro — Corregê vós esses véus
E ponde-vos em feição.
Inês — Sabeis vós o que eu queria?
Pêro— Que quereis, minha mulher?
Inês — Que houvésseis por prazer
De irmos lá em romaria.
Pêro — Seja logo, sem deter’’
38. Qual teria sido a intenção do autor ao escrever a cena seguinte?
“Inês — Passemos primeiro o rio.
Descalçai-vos.
Pêro — E pois como?
Inês — E levar me-eis no ombro,
Não me corte a madre o frio.
Põe-se Inês Pereira às costas do marido, e diz:
Inês — Marido, assi me levade.
Pêro — Ides à vossa vontade?
Inês — Como estar no Paraíso!
Pêro — Muito folgo eu com isso.”
39. O argumento da peça A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, consiste na demonstração do refrão popular “Mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube”. Identifique a alternativa que não corresponde ao provérbio, na construção da farsa:
(A) A segunda parte do provérbio ilustra a experiência desastrosa do primeiro casamento.
(B) O escudeiro Brás da Mata corresponde ao cavalo, animal nobre, que a derruba.
(C) O segundo casamento exemplifica o primeiro termo, asno que a carrega.
(D) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro pretendente e segundo marido de Inês.
(E) Cavalo e asno identificam a mesma personagem em diferentes momentos de sua vida conjugal.
40. Encontre no texto elementos que caracterizem o Humanismo como transição entre a Idade Média e a Era Clássica.
(valores espirituais X valores materiais)
RESPONDA O MAIS COMPLETAMENTE POSSÍVEL E PREPARE-SE PARA A
AVALIAÇÃO.
PERGUNTE, ANTES DA AVALIAÇÃO
NÃO HAVERÁ CONSULTAS AO CADERNO
domingo, 22 de abril de 2012
terça-feira, 3 de abril de 2012
TÉCNICAS DE REDAÇÃO - ESTRUTURA NARRATIVA
TÉCNICAS DE REDAÇÃO
A palavra REDAÇÃO é uma derivada do verbo REDIGIR que quer dizer escrever. No entanto, podemos escrever de formas diferentes.
Temos três tipos principais de redação (TIPOLOGIA TEXTUAL): Narração, Dissertação e Descrição.
NARRAÇÃO (ou texto Narrativo) tem a função de contar algo.
DISSERTAÇÃO (ou texto Dissertativo - Argumentativo) tem a função de expor uma opinião, um ponto de vista, uma ideia, uma maneira de pensar.
DESCRIÇÃO ( ou texto Descritivo) tem a função de transformar em palavras aquilo que se pode perceber através dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar).
Tentaremos fornecer alguns elementos para facilitar a elaboração de cada tipo de texto, embora possa haver mistura entre eles, se se respeitar a função principal do tipo de texto que se pretenda redigir.
Comecemos pela Narração.
1.NARRAÇÃO: temos duas maneiras de contar algo: a narração histórica e a ficção.
• Narração histórica conta algo baseado em fatos reais.
• Ficção os fatos são da imaginação do autor.
Observação: todo e qualquer texto deve ser verossímil, isto é, ter verossimilhança (criar a possibilidade de se acreditar, mesmo que não tenha acontecido, ter tudo para ser verdadeiro).
Estrutura Narrativa: tudo o que existe possui uma estrutura de sustentação. O corpo humano tem seu esqueleto, um prédio tem seus alicerces, colunas, vigas etc. A estrutura narrativa é o esqueleto da história ( a base).
Depois de elaborarmos uma estrutura, podemos completa-la com as palavras e frases, mas deveremos partir do básico. Não se faz o acabamento de um prédio antes de fazer o alicerce.
Quando um escritor elabora um texto narrativo, utiliza uma estrutura narrativa. Ao analisarmos esse texto, podemos perceber os elementos que ele empregou como base de sua história.
Vejamos os elementos que, normalmente, fazem parte de uma estrutura narrativa. Todos devem ser escolhidos pelos bons escritores e por nós para que sejam interessantes e tornem a história verossímil.
Estrutura Narrativa:
1. Tempo: quando acontece.
Pode ser:
• Cronológico: pode ser medido. Exemplos: hoje, no inverno, no século passado, depois, de manhã etc.
• Psicológico: depende do autor (sonho, imaginação, memória).
2. Espaço: onde acontece.
Pode ser:
• Físico: pode ser medido. Exemplos: na cozinha, atrás da porta, em Pirituba, no Egito, na Europa etc.
• Psicológico: depende do autor (sonho, imaginação, memória).
3. Ação; o que acontece. O fato principal da história. O acontecimento que motivou a narrativa.
4. Personagem : com quem acontece.
Podemos classificá-lo de duas formas:
• Quanto à importância:
o Protagonista (principal) ligado diretamente à ação principal.
o Antagonista ligado diretamente ao protagonista.
o Secundários demais personagens.
• Quanto ao comportamento:
o Plano (ou linear): mantém suas características mais marcantes durante o transcorrer da narrativa. É previsível.
o Redondo ( ou esférico): modifica-se. É imprevisível.
5. Foco Narrativo: quem conta o que acontece. Numa Narração, quem conta o que acontece é o narrador. Porém, ele pode colocar-se de pontos de vistas diferentes para contá-la.
• Foco narrativo de 1ª. Pessoa (Narrador personagem): participa, envolve-se. Verbos e pronomes em primeira pessoa.
• Foco narrativo de 3ª. Pessoa (Narrador observador): não participa, não se envolve. É onisciente (sabe tudo) e onipresente (está presente em todos os lugares). Verbos e pronomes na 3ª. Pessoa.
6. Discurso: como o narrador transmite os pensamentos dos personagens.
• Discurso direto: o autor reproduz a maneira de falar do personagem. Utiliza dois pontos (:) , travessão ( __) e verbos do tipo falar, dizer, responder, gritar etc. Exemplo :
Nhô Chico disse :
__ Tardi, cumpadi!
• Discurso indireto: o narrador transmite os pensamentos, mas não a maneira de falar dos personagens. Desaparecem os dois pontos e o travessão.
Exemplo:
Nhô Chico disse ao seu compadre que lhe desejava uma boa tarde.
• Discurso indireto livre: o narrador introduz um pensamento do personagem no meio da narrativa, sem destaca-lo. Exemplo:
Artaxerxes estava triste, cabisbaixo. Ah se ele me amasse... e caiu na cama a chorar.
7. Conflitos: os diversos tipos de relações entre os personagens. Podem ser:
• Amoroso (afetivo)
• Econômico
• Social
• Político
• Psicológico
• Filosófico (ético, moral)
• Cultural
• Religioso
• Maravilhoso (sobrenatural)
• Tecnológico
• Etc.
8. Enredo: sequência de acontecimentos importantes da narrativa. Divide-se em:
• Apresentação (introdução) : como começa a história
• Complicação: desenvolvimento dos conflitos
• Clímax (nó): ponto máximo, momento crítico
• Desenlace ( desfecho): fechamento, resolução de todos os conflitos.
Exemplo:
• Apresentação: Joãozinho conhece Mariazinha
• Complicação: transam
• Clímax: ela fica grávida
• Desenlace: ele foge
9. Assunto ( trama): do que trata a narrativa. Deve destacar pontos importantes, sem revelar o desfecho. Como na contracapa de livros ou DVD”s. Deve chamar a atenção, provocando interesse
Exemplo: Trata-se da emocionante história de dois jovens que se apaixonam, mas esse amor é impedido pela rivalidade de suas famílias. ( Romeu e Julieta, de William Shakespeare)
10. Tema: mensagem que o autor pretende transmitir. Espécie de conselho, lição ensinamento. Como se fosse “o moral da história”. ( Deve ser sugerido, sem aparecer escrito. O leitor é que deve ter o prazer de descobrir a mensagem).
11. Título: deve atrair a atenção do leitor, estar ligado diretamente à narrativa e ser escolhido definitivamente após o término da história.
Observações:
• Este conteúdo será explicado na próxima semana.
• Imprimam ou copiem no caderno e levem para a aula.
• Utilizem para responder as questões de “ O Alienista”, de Machado de Assis .
• Anotem as dúvidas para serem esclarecidas em aula.
A palavra REDAÇÃO é uma derivada do verbo REDIGIR que quer dizer escrever. No entanto, podemos escrever de formas diferentes.
Temos três tipos principais de redação (TIPOLOGIA TEXTUAL): Narração, Dissertação e Descrição.
NARRAÇÃO (ou texto Narrativo) tem a função de contar algo.
DISSERTAÇÃO (ou texto Dissertativo - Argumentativo) tem a função de expor uma opinião, um ponto de vista, uma ideia, uma maneira de pensar.
DESCRIÇÃO ( ou texto Descritivo) tem a função de transformar em palavras aquilo que se pode perceber através dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar).
Tentaremos fornecer alguns elementos para facilitar a elaboração de cada tipo de texto, embora possa haver mistura entre eles, se se respeitar a função principal do tipo de texto que se pretenda redigir.
Comecemos pela Narração.
1.NARRAÇÃO: temos duas maneiras de contar algo: a narração histórica e a ficção.
• Narração histórica conta algo baseado em fatos reais.
• Ficção os fatos são da imaginação do autor.
Observação: todo e qualquer texto deve ser verossímil, isto é, ter verossimilhança (criar a possibilidade de se acreditar, mesmo que não tenha acontecido, ter tudo para ser verdadeiro).
Estrutura Narrativa: tudo o que existe possui uma estrutura de sustentação. O corpo humano tem seu esqueleto, um prédio tem seus alicerces, colunas, vigas etc. A estrutura narrativa é o esqueleto da história ( a base).
Depois de elaborarmos uma estrutura, podemos completa-la com as palavras e frases, mas deveremos partir do básico. Não se faz o acabamento de um prédio antes de fazer o alicerce.
Quando um escritor elabora um texto narrativo, utiliza uma estrutura narrativa. Ao analisarmos esse texto, podemos perceber os elementos que ele empregou como base de sua história.
Vejamos os elementos que, normalmente, fazem parte de uma estrutura narrativa. Todos devem ser escolhidos pelos bons escritores e por nós para que sejam interessantes e tornem a história verossímil.
Estrutura Narrativa:
1. Tempo: quando acontece.
Pode ser:
• Cronológico: pode ser medido. Exemplos: hoje, no inverno, no século passado, depois, de manhã etc.
• Psicológico: depende do autor (sonho, imaginação, memória).
2. Espaço: onde acontece.
Pode ser:
• Físico: pode ser medido. Exemplos: na cozinha, atrás da porta, em Pirituba, no Egito, na Europa etc.
• Psicológico: depende do autor (sonho, imaginação, memória).
3. Ação; o que acontece. O fato principal da história. O acontecimento que motivou a narrativa.
4. Personagem : com quem acontece.
Podemos classificá-lo de duas formas:
• Quanto à importância:
o Protagonista (principal) ligado diretamente à ação principal.
o Antagonista ligado diretamente ao protagonista.
o Secundários demais personagens.
• Quanto ao comportamento:
o Plano (ou linear): mantém suas características mais marcantes durante o transcorrer da narrativa. É previsível.
o Redondo ( ou esférico): modifica-se. É imprevisível.
5. Foco Narrativo: quem conta o que acontece. Numa Narração, quem conta o que acontece é o narrador. Porém, ele pode colocar-se de pontos de vistas diferentes para contá-la.
• Foco narrativo de 1ª. Pessoa (Narrador personagem): participa, envolve-se. Verbos e pronomes em primeira pessoa.
• Foco narrativo de 3ª. Pessoa (Narrador observador): não participa, não se envolve. É onisciente (sabe tudo) e onipresente (está presente em todos os lugares). Verbos e pronomes na 3ª. Pessoa.
6. Discurso: como o narrador transmite os pensamentos dos personagens.
• Discurso direto: o autor reproduz a maneira de falar do personagem. Utiliza dois pontos (:) , travessão ( __) e verbos do tipo falar, dizer, responder, gritar etc. Exemplo :
Nhô Chico disse :
__ Tardi, cumpadi!
• Discurso indireto: o narrador transmite os pensamentos, mas não a maneira de falar dos personagens. Desaparecem os dois pontos e o travessão.
Exemplo:
Nhô Chico disse ao seu compadre que lhe desejava uma boa tarde.
• Discurso indireto livre: o narrador introduz um pensamento do personagem no meio da narrativa, sem destaca-lo. Exemplo:
Artaxerxes estava triste, cabisbaixo. Ah se ele me amasse... e caiu na cama a chorar.
7. Conflitos: os diversos tipos de relações entre os personagens. Podem ser:
• Amoroso (afetivo)
• Econômico
• Social
• Político
• Psicológico
• Filosófico (ético, moral)
• Cultural
• Religioso
• Maravilhoso (sobrenatural)
• Tecnológico
• Etc.
8. Enredo: sequência de acontecimentos importantes da narrativa. Divide-se em:
• Apresentação (introdução) : como começa a história
• Complicação: desenvolvimento dos conflitos
• Clímax (nó): ponto máximo, momento crítico
• Desenlace ( desfecho): fechamento, resolução de todos os conflitos.
Exemplo:
• Apresentação: Joãozinho conhece Mariazinha
• Complicação: transam
• Clímax: ela fica grávida
• Desenlace: ele foge
9. Assunto ( trama): do que trata a narrativa. Deve destacar pontos importantes, sem revelar o desfecho. Como na contracapa de livros ou DVD”s. Deve chamar a atenção, provocando interesse
Exemplo: Trata-se da emocionante história de dois jovens que se apaixonam, mas esse amor é impedido pela rivalidade de suas famílias. ( Romeu e Julieta, de William Shakespeare)
10. Tema: mensagem que o autor pretende transmitir. Espécie de conselho, lição ensinamento. Como se fosse “o moral da história”. ( Deve ser sugerido, sem aparecer escrito. O leitor é que deve ter o prazer de descobrir a mensagem).
11. Título: deve atrair a atenção do leitor, estar ligado diretamente à narrativa e ser escolhido definitivamente após o término da história.
Observações:
• Este conteúdo será explicado na próxima semana.
• Imprimam ou copiem no caderno e levem para a aula.
• Utilizem para responder as questões de “ O Alienista”, de Machado de Assis .
• Anotem as dúvidas para serem esclarecidas em aula.
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